A drenagem ácida é muito comum nas
minas de pirite, e é gerada quando minerais, que se
encontram a grande profundidades e que contêm sulfetos, são expostos a
ambientes abertos e entram em contacto com oxigénio e água, gerando sulfatos
(substâncias ácidas). Estes, quando não controlados, podem
contaminar as águas subterrâneas e os cursos de água que circundam a mina.
Uma investigação a um troço da
Ribeira das Águas Fortes, uma linha adjacente à Mina de Aljustrel, procurou
detectar a presença de macroinvertebrados. Estes, devido á sua sensibilidade aos fatores do meio, podem
ser utilizados como um possível bioindicador do estado de linhas de água
(Harmitage et. al, 1983 in Alba-Tercedor & Sánchez-Ortega, 1988). Após a recolha de amostras ao longo de uma
extensão de 1000m (com amostras de 200 em 200 metros, com início a cerca de 500
metros da sua nascente) e posterior análise, não foi encontrado nenhum
macroinvertebrado.
De
acordo com a aplicação do índice BMWP[1], a
este dado, o resultado final é 0.
Este,
segundo esse índice, é indicativo de que o estado da água da ribeira de Águas
Fortes é de classe V, ou seja “águas fortemente contaminadas” (Alba-Tercedor &
Sánchez-Ortega, 1988).
Relativamente à biodiveridade vegetal na área envolvente da linha de
água estudada, constatou-se ser reduzida, encontrando-se principalmente
duas espécies, a Lavandula stoechase e a Cistus ladanifer. Esta última é uma planta tipicamente mediterrânea e bem adaptada a solos pouco desenvolvidos (Batista et al., 2012), como é o caso do solo em questão.
Esta
mesma espécie apresenta capacidades para se desenvolverem em locais degradados
pela atividade mineira, com baixo conteúdo em nutrientes e com elevados teores
de chumbo (Pb) no solo, sem apresentarem evidentes sinais exteriores de stress
(Abreu et al. 2012). Talvez seja por uma as poucas plantas aqui
identificadas por isso mesmo, por ser das poucas que aqui consegue sobreviver.
Francisco Paim,
Henrique Avelar. Colégio Valsassina
Agradecimentos: Este trabalho não teria sido possível de
se realizar sem a colaboração de Filipe de Avelar, por toda a disponibilidade e
apoio, em particular por ter permitido a realização do trabalho de campo na sua
propriedade.
Alba-Tercedor, J. & Sánchez-Ortega, A. (1988). Un
Método rápidp y simple para evaluar la calidad biológica de las águas
corrientes basado en el de Hellawell (1978). Limnética, 4:
51-56 (1988). Asociación Española de Limnologia. Madrid. Spain.
Batista, M. J.
; Abreu, A. A ; Pinto, M. S. (2006) Contribuição do Cistus ladanifer L. para
a atenuação dos efeitos da exploração em algumas minas da Faixa Piritosa
Ibérica. Évora. [s.n.], 2006. il., 1
figura e 2 tabelas ; Sep. de: VII Congresso Nacional de Geologia : Livro de
Resumos, II, 2006, p. 447-450.
Abreu, M.M.; Santo E.S.; Anjos C.; Magalhães M.C.F.; Nabais, C. (2012). Capacidade
de absorção do chumbo por plantas do género Cistus espontâneas em ambientes
mineiros. Revista de Ciências Agrárias. Disponível online em
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rca/v32n1/v32n1a16.pdf . consultado em 13/10/12.
[1]
http://www.cienciaviva.pt/rede/oceanos/1desafio/Macroinvertebrados%20-
%20protocolo.pdf e http://www.cienciaviva.pt/rede/oceanos/1desafio/Macroinvertebrados%20-%20tabela%20familias%20A4.pdf,
consultados a 17/11/12.
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