quinta-feira, junho 05, 2008

Um novo cancro ecológico: o ataque das espécies invasoras

“Antes de os seres humanos começarem a deslocar-se pelo planeta, as espécies movimentavam-se a um ritmo geológico. Actualmente, estas movimentam-se cada vez mais depressa e para mais longe do que alguma vez fariam ou poderiam deslocar-se na natureza.”(Jim Carlton, 2005)
Praticamente em todas as regiões e ecossistemas do planeta, animais e plantas que evoluiram noutros lugares estão a aparecer onde não são desejados: foram transportados pelos seres humanos inadvertida ou intencionalmente, estabelecendo-se em novas zonas do globo. Estas espécies, inicialmente apenas exóticas, isto é não nativas da região onde se encontram, evoluem, frequentemente, expandindo-se natural e rapidamente em meios onde habitualmente não pertencem: transformam-se em bio-invasores que, pelas suas fortes capacidades de adaptação e competição, interferem com o desenvolvimento natural dos ecossistemas, pondo em risco comunidades indígenas.
De acordo com Marchante, H. (2001), em Portugal, o número de espécies vegetais exóticas sofreu um aumento considerável de mais de 1000% ao longo dos dois últimos séculos. Enquanto em 1800 eram listadas 33 espécies subespontâneas, actualmente contam-se cerca de 500. Destas, quase 40% são actualmente consideradas invasoras ou potenciais invasoras, incluindo infestantes agrícolas e invasoras de habitats naturais; 7% são classificadas com invasoras perigosas no território português.
A proliferação de exóticas induz, muitas vezes, alterações no ténue equilíbrio dos ecossistemas, quer pela alteração da sua estrutura e funcionamento, quer pelo aumento da competição, e alteração dos recursos disponíveis, provocando danos significativos em populações endémicas.
O ecologista E.O.Wilson coloca as espécies invasoras na segunda posição da lista dos responsáveis pela destruição de habitats e pela perda de biodiversidade, devido à magnitude da ameaça.
Ao removermos barreiras naturais à movimentação das espécies, alteramos a natureza dos ecossistemas, substituindo gradualmente comunidades únicas, por comunidades monoespecíficas ou com reduzida variabilidade: um mundo empobrecido de generalistas robustos, onde os mais aptos se repetem, num processo de “uniformização global”.
“Enquanto sociedade, adoptámos um modo de agir exclusivamente reactivo”, diz David Lodge, da Universidade de Notre Dame. “As espécies invasoras não são iguais a outras formas de poluição: não param de alastrar só porque deixamos de libertá-las no ambiente. Elas vão crescendo de forma contínua e acelerada. Não fazer nada para o travar é uma política especialmente prejudicial.”
O controlo deste problema antropogénico peturbador exige rapidez e dinheiro, numa estratégia cujas fases são indissociáveis: a prevenção, quer pela divulgação do problema, quer pela criação de medidas reguladoras (entre as quais os princípios da precaução e do “poluidor-pagador”); a erradicação, pela aplicação de estratégias de eliminação direccionada; e o controlo, assente na monotorização das áreas com elevado interesse biológico.
Muitos ecossitemas estão tão mudados que não são reconhecíveis: para eles, o caminho da recuperação já não é possível.
No entanto, ainda possuímos bens infinitamente preciosos. Ficar de braços cruzados e assistir à sua destruição seria bem pior do que um gesto louco: as gerações futuras chamar-lhe-iam imperdoável.

Bibliografia:
McGrath, S.; Farlow, M. (2005). O ataque das espécies invasoras; National Geographic, nº48, 93-117.
http://pensaraterra.blogspot.com/ (24.05.2008)
http://www.naturlink.pt/ (17.05.2008)
http://www.ci.uc.pt/ (17.05.2008)


Ana Filipa Louro, 11º1A

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