As Olimpíadas do Ambiente (OA) são uma iniciativa da QUERCUS e da Escola Superior de Biotecnologia do Porto e têm por objectivo a mobilização e sensibilização da comunidade escolar em prol da protecção do Ambiente e da Conservação da Natureza.
Este projecto estabelece duas categorias distintas de acordo com o nível de ensino a que os alunos pertencem; assim, na categoria A concorrem os alunos do 3º Ciclo (7º ao 9º ano) e na categoria B concorrem os alunos do Secundário (do 10º ao 12º ano).
As OA têm por objectivos fundamentais: incentivar o interesse pela temática ambiental; desenvolver e aprofundar o conhecimento sobre a situação ambiental portuguesa; promover o contacto com situações experimentais concretas e resolução de problemas específicos; estimular a capacidade de expressão oral e escrita; recompensar o espírito científico; e estimular a dinâmica de grupo e o espírito de equipa.
As OA incluem duas eliminatórias locais e uma final nacional. As provas escritas são individuais e sem consulta. As questões abrangem 7 grandes áreas temáticas: conservação da natureza; recursos naturais; poluição; estilos de vida; ameaças globais; política ambiental; realidade portuguesa.
Relativamente à participação do Colégio nas Olimpíadas tem-se constatado um crescente interesse e adesão dos alunos a iniciativas deste tipo. A participação tem permitido aos alunos trabalharem de uma forma autónoma sendo um meio privilegiado para se adquirirem certas competências, e ao mesmo tempo, contribuir para adquirir, certos valores que incluam um vivo interesse pelo ambiente e uma motivação suficientemente forte para participarem activamente na protecção e na melhoria da qualidade do ambiente.
É com elevada satisfação e orgulho que verificamos que nos últimos quatro anos três alunos do Colégio venceram a categoria B, designadamente: Francisco Silveira, em 2004/05; Pedro Silva, em 2005/06; e António Grilo, em 2007/08.
Em forma de balanço considerámos interessante recolher algumas opiniões junto destes alunos. Nos três casos encontramos pontos comuns: a motivação; o empenho; a humildade e exigência em querer aprender sempre mais; e a responsabilidade individual acrescida com a conquista do primeiro prémio.
Qual o principal motivo que levou a participar nas OA?Francisco Silveira (FS) - Os temas sempre me disseram muito, são assuntos pelos quais sempre me interessei e dos quais sempre tentei saber mais e melhor. Sempre fui interessado em temas como biologia, ecologia, ambiente, desde pequeno. Devo realçar a importância do papel dos pais em fomentar e alimentar este interesse. Os meus pais, por exemplo, sempre me ofereceram livros bons e nunca livros infantis, o que certamente me estimulou.
Pedro Silva (PS) - Como a protecção do meio ambiente era algo em que eu, já no sétimo ano, me empenhava e era um assunto sobre o qual me mantinha informado, foi muito fácil começar a participar nas OA, nesse mesmo ano. Como ia tendo sucessivamente melhores resultados, decidi continuar, até por ter adorado a atmosfera da final que foi passada em S. Pedro do Sul, em 2005.
António Grilo (AG) - Depois de conhecer as OA foi o entusiasmo que a escola me incutiu pelas questões ambientais que me levou a participar nas OA. Depois da eliminatória final do ano passado ganhei ainda mais ânimo para voltar.
Importância a nível pessoal da participação nas OA?FS - Nunca pensei ganhar. Há sempre essa aspiração mas no meu caso sempre me pareceu um objectivo distante. Acho que é a tendência natural de todos pensar assim. Participei pelo menos três vezes, uma das quais ganhei, noutra passei à segunda fase e noutra ainda estive muito perto de passar mas não consegui por um ou dois pontos percentuais. Acho que o participar e ter algum sucesso é fundamental porque nos ajuda a ter confiança, pensar que se pode ir mais longe. A nível pessoal é sempre importante ser premiado e saber que alguém reconhece o nosso valor, para além de ser algo que posso dizer com orgulho e que fica bem num currículo. Penso que isso é o principal.
PS - Na minha passagem pelas OA aprendi muito sobre ambiente, percebi que há problemas ambientais mais complexos do que parecem, e que não estão a ser devidamente resolvidos, que as nossas pequenas acções têm no seu conjunto grandes consequências, pelo que nas nossas escolhas recai uma grande responsabilidade.
Na final conheci novas pessoas e fiz muitas amizades, naquela atmosfera fantástica, descontraída e estimulante em que, durante longas caminhadas e boas refeições também discutíamos problemas ambientais. As amizades também incluem alguns dos meus amigos do Valsassina que foram comigo à final.
AG -Uma das coisas que mais me agradas nestas olimpíadas é a forte componente pessoal que desenvolve. A par com um enorme desenvolvimento técnico e de apresentação oral no imediato de algo que nos era até então desconhecido somos convidados a um enorme convívio com todos os participantes de ambas as categorias o que possibilita também um grande desenvolvimento das competências pessoais individuais de cada finalistas. Como sou um enorme apologista das relações humanas e de tudo o que elas trazem de benéfico à sociedade e a cada indivíduo acho que as olimpíadas gozam de uma harmonia perfeita entre a componente cognitiva e pedagógica e a componente social e pessoal.
O que mudou após a vitória?FS - Fiquei muito orgulhoso e como eu, os meus pais, familiares, amigos e professores. Não estava nada à espera de ganhar e foi uma excelente surpresa. Mais do que os prémios recebidos, ganhar umas Olimpíadas do Ambiente a nível nacional, nas quais participam milhares de estudantes é muito bom.
PS - Assim que percebi que tinha ganho, fiquei muito contente e também muito confuso, não queria acreditar.
Mais tarde vim a perceber que ganhara também uma responsabilidade acrescida para com as pessoas à minha volta: tornei-me ainda mais activo na protecção do ambiente e passei a seguir a actualidade ambiental nacional e internacional com renovado interesse.
A minha vida pessoal não se alterou.
AG - A nível pessoal acho que a única coisa que mudou foi a responsabilidade que tenho perante todos os concorrentes e demais cidadãos na defesa e conhecimento sobre a temática ambiental na qual tento manter-me sempre actualizado.
E o papel da escola, que influência teve nos resultados obtidos nesta competição?FS - A escola, representada principalmente pelo meu professor de Biologia e Geologia que era quem seguia estes processos mais de perto, teve um papel fulcral. O professor João Gomes deu-nos todo o apoio que pôde e sempre nos incentivou a participar, algo que se provou e continua a provar útil tendo em conta que os alunos do colégio têm tido boas prestações nas Olimpíadas do Ambiente.
PS - A escola sempre apoiou todos os alunos que participaram nas OA, quer financeiramente quer moralmente. Em particular, o professor João Gomes, motivou-nos e acompanhou-nos até à final, fornecendo-nos um excelente dossier de informação e testes de outros anos, tirando dúvidas e dando sempre conselhos, inclusivamente na preparação dos trabalhos individuais que foram necessários na segunda fase, há alguns anos.
O seu apoio, pelo qual estou muito grato, foi muito importante e sentiu-se até durante a final, na qual estávamos, obviamente, por nossa conta.
AG - A escola tem, ou teve no meu caso, o papel primordial na participação nas OA. Foi a escola que me colocou em contacto com as OA e que me mostrou o que era a prova e as vantagens que estas têm a nível pessoal e de conhecimento. Foi a escola que, em grande parte me formou como cidadão ambientalmente consciente que hoje me considero e é a escola que em grande medida me mantém actualizado nesta temática. É por isso à escola que agradeço a minha participação nas OA.
Em apenas 5 palavras como descreves a tua passagem pelas OA:
FS – Não consigo responder com clareza…
PS - 1. Séria; 2. Divertida; 3. Marcante; 4. Estimulante; 5. Responsabilizadora
AG - 1. Companheirismo; 2. Conhecimento; 3. Amizade; 4. Competição; 5. Vitória
Há algo que queiras acrescentar?FS - Tentei definir a minha participação em 5 palavras mas é difícil. Foi claramente um momento feliz, aquele em que ganhei principalmente. Senti que tinha cumprido o meu dever e que tinha provado alguma coisa a mim e aos outros. Encorajo todos os alunos do colégio a participar nestas Olimpíadas e noutras e a interessarem-se por temas que gostem, a serem empenhados em saber mais do que é preciso para os testes, a tentarem superarem-se e a serem sempre melhores. Cada vez mais a selecção de pessoas aperta e eu acredito plenamente que quem procura a excelência faz a diferença. Não é preciso ser um génio para se ser bom, é preciso é ter vontade de trabalhar e garra para enfrentar os desafios.
AG - Que continuaria a participar nas OA por tudo o que elas são a nível do desenvolvimento de cidadãos.
Agradecimentos: António Grilo; Francisco Silveira; Pedro Silva.