Desde alguns anos a esta parte, a ecologia tem andado na ribalta como se, de repente, nos lembrasse-mos de que temos um planeta e de que se queremos lega-lo aos nossos descendentes convém preservá-lo.
Há, no entanto, ao nível social, uma questão que deve ser resolvida antes da preocupação ecológica. Essa é a eterna questão do respeito. Isto é, por exemplo: antes de educar a população a separar os resíduos em diferentes caixotes com vista à sua melhor gestão, é necessário disciplinar a população no sentido de que o lixo se coloca no caixote e não no chão. Do mesmo modo, antes de se ensinar que se devem substituir as lâmpadas de incandescência por lâmpadas economizadoras de energia é necessário transmitir o valor da energia, porque sem ele não se vê, de facto, qualquer necessidade em substituir as lâmpadas. Sem se explicar quais os efeitos, aliás nefastos, que uma simples pilha pode ter no ambiente porque não colocá-la no lixo dito normal? Sem saber qual o caminho seguido pelos lixos separados e não separados porque não juntar tudo, o que, aliás, é bem mais fácil? O que quero dizer é que antes de nos empenharmos em educar ambientalmente os cidadãos (tarefa que aliás julgo ser de extrema importância) devemos emprenhar-nos em mostrar-lhes quais as bases que estão por detrás dessa educação. Trata-se, no fundo, de uma questão de respeito: respeito pelas gerações futuras, respeito pelas gerações actuais, respeito pelos demais cidadãos, da mesma forma que respeitamos os membros do nosso agregado familiar. Sim, porque não creio que algum de nós deite lixo para o chão em sua casa, beatas de tabaco sobre os sofás, ou queime o chão. Se assim é, porquê fazê-lo na nossa grande casa, que é o nosso planeta? Não é o que vemos todos os dias? Não vemos cidadãos, ou ditos cidadãos, a fazer tudo isto ao nosso planeta? Urge por isso uma tomada de posição para que a educação ambiental sofra duas alterações que, na minha forma de ver, dificultam em larga escala o trabalho de qualquer professor: em primeiro lugar devemos ver a ecologia (que aliás é a ciência que trata das interacções entre seres) como uma questão de respeito nas relações entre os cidadãos e destes com o meio que os rodeia. A segunda alteração é o descer desta forma de educação a todas as camadas sociais. Isto é: em vez da educação ambiental ser motivo de aulas nas escolas e universidades, conferências restritas, congressos elitistas e debates incompreensíveis deveria ser um tema tornado público com papel interventivo dado aos cidadãos e divulgado copiosamente nos meios de comunicação.
11º 1A