domingo, janeiro 14, 2007

Ainda o ambiente... será que por muito tempo ?

Estoirado chego ao quarto do hotel. Vou até à varanda. A marina serve de cenário a esta tarde Julho, ao pôr do Sol. Ao sentar-me na cadeira, olhando o mar, a minha cabeça voa para duas frases que me dão que pensar: a primeira: “A Europa dá-nos a possibilidade de viver sem olhar a preocupações” e a segunda: “Temos que ter um emprego, mas não devemos esquecer o nosso papel na sociedade civil”. Acordo e penso: como era bom que todo o mundo pudesse usufruir desta tranquilidade e desta paz, olhando o mar ao pôr do Sol... Sim. Eu sei que é uma utopia. Se há alguns países que a têm e não a aproveitam, outros gostariam de a ter e não a têm. Mas não é essa a regra ? Será que nós, habitantes dos ditos países desenvolvidos não temos nenhum papel neste desfasamento ou alguma cota parte de responsabilidade neste fosso?...
Mais uma vez associo estes pensamentos à falta de cuidado que temos com o nosso mundo, com o ambiente que nos rodeia.
Olho para o relógio. Hora de jantar. De volta ao quarto, ao passar diante da secretária reparo num pormenor. Talvez ridículo. Um caixote do lixo dividido em quatro partes, uma para cada tipo de lixo. Um pormenor. Mas nesta zona do país em que o turismo impera, mais que em qualquer outro local, é importante que seja dado o exemplo sobre o que fazer e que preocupações ter com o ambiente. E sendo que se trata de um hotel recebe milhares de pessoas diferentes por ano, desempenhando um papel importantíssimo na chamada de atenção a cada vez mais pessoas. Aqui está o papel da sociedade e na sociedade de educar os seus membros para políticas sustentáveis. Ainda há tempo para um banho. Nas toalhas vejo um cartão, bem apresentado, onde se chama atenção para o cuidado a ter com os excessivos gastos de água e de detergentes, e onde se solicita aos clientes que indiquem se voltarão, ou não, a utilizar as toalhas. Preocupação económica ? Talvez. Mas se essa preocupação servir para alertar pessoas para o ambiente será de louvar.
Alguns dias mais tarde numa esplanada sobre a praia, troveja, chove, um vento quente – que diz quem sabe vem do deserto africano – bate nas nossas faces. E oiço comentar: “Nunca me lembro de ver um tempo assim nesta altura do ano !”. E penso: pois... quando se fala em alterações climáticas, em preocupações ambientais ouve-se dizer “Isso é para os cientistas” ou “Lá estão eles a inventar!” ou ainda “Já não vou estar vivo”. Pelos vistos não será bem assim. Se o clima mudar e passar a manifestar-se desta forma poderão dar-se tremendos impactos na nossa economia graças à perda de turistas que procuram o tempo agradável e as paisagens tranquilas do nosso país, não pensando nos problemas naturais que daí poderão advir. Alguns estudos apontam para uma submersão parcial do litoral português, caso o clima siga a presente tendência...
Agora, a balouçar na rede, espero vivamente que possamos ir a tempo de impedir a pressão sobre o litoral. Todos os anos florescem edifícios novos com a propriedade de estarem a exercer cada vez mais pressão sobre as falésias e as praias do nosso Algarve, a de estarem situados muito perto das linhas de costa. Um hotel que se situa a 50 m da linha do mar quando este atinge a baixa mar... Espero também que as alterações climáticas não destruam as paisagens do nosso litoral. Se o Homem se juntar ao clima, provocará a destruição acelerada do nosso mundo. Da nossa grande casa. Se não destruímos a nossa casa, se nela não deitamos lixo para o chão e não libertamos poluentes porquês fazê-lo na nossa Terra ? Será ela tão grande que não se ressinta ?

Se nós actuarmos no nosso pequeno mundo que, ao contrário do que se pensa não é insignificante, e pensarmos no nosso planeta, fazemos com que se conserve o clima tal e qual como ele deve ser para que seja possível viver na Terra.
Olho mais uma vez o pôr do Sol desta vez por detrás dos pinheiros, e espero poder voltar a vê-lo muitas vezes...

António Grilo

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